26 de setembro de 2017

Brasil Representado em um Mapa Português de 1343


Há diversas histórias e provas de europeus e asiáticos no Brasil antes de Pedro Álvares Cabral (1500 d.C.), Mas antes mesmo do português Duarte Pacheco ter chego na costa do maranhão em 1498, houveram outros europeus por aqui.

A primeira representação que se tem notícia da ilha de Brasil é encontrada no mapa do cartógrafo
genovês Angellinus Dalorto, datado de 1325, pertencente à Coleção Príncipe Corsini, da Biblioteca de Florença, Itália. A aparência de sua representação é aproximadamente circular, com uma área considerável, em relação às demais áreas conhecidas representadas. Situa-se no oceano Atlântico ao sudoeste da atual Irlanda (MARQUES, 1987). De forma idêntica é representada no mapa de Angelino Dulcert, que provavelmente é o mesmo Dalorto, devido às características do mapa, datado de 1339, pertencente à Biblioteca Nacional da França, Paris, bem como no mapa de Laurenziano-Gaddiano de 1351(MARQUES, 1987, pp 48-49).

O mapamundi catalão de 1350, anônimo, a semelhança dos exemplos citados anteriormente,
posiciona a ilha de Brezill próximo a costa da Irlanda. Já o Atlas Médici, de 1351, representa a ilha Brasil nas proximidades da costa da Península Ibérica, sob o nome de Insula de Brazi. Da mesma forma, o planisfério de Soleris, de 1385, mantém a ilha na mesma posição e com o nome idêntico. A Figura 05 mostra um trecho do mapa de Dallorto, com destaque da ilha Brasil.



A cartografia dos anos subsequentes possui um aspecto no mínimo curioso, apresentando a ilha
Brasil em posições diferentes, muitas vezes até, simultaneamente, o que certamente causa uma grande confusão, em termos de se associá-la a uma provável posição real. Por exemplo, o mapa de Pizigano, de 1367, existente na Biblioteca de Parma, registra três ilhas Brasil, sob o topônimo Insula de Bracir, (Figura 06), uma a nordeste dos Açores, uma a oeste e outra ao sul da Irlanda. Esta última, segundo leitura do cartógrafo francês Phillippe Buache, é identificada pela designação de Ysola de Mayotlas Seu de Bracir. Por mais estranho que pareça, o termo "Mayotlas", provém de um dialeto maia, falado no México pré-colombiano e que designa a América ou, no caso, a ilha mistica do Brasil (BARROSO, 1941, p 100; MARQUES, 1987, pp 49-50). Em outros mapas, a expressão Ysola de Mayotlas Seu de Bracir sofre uma alteração, para Ysola de Montonis Sieue de Bracir. (BARROSO, 1941, pp 100-102).



Os mapas anônimos catalães de 1375 e 1384, existentes na Biblioteca Nacional de França, Paris,
respectivamente apresentam a ilha Brasil com uma forma geométrica diferenciada das demais, convertendoa de uma forma circular, para uma forma anelar, onde no centro estão representadas uma lagoa e nove ilhas. Andrea Bianco, navegador e cartógrafo italiano, considerado como pertencente à Escola de Sagres, devido a inclusão do mar de Sargaços em seu mapa de 1436, registrou a Y. de Brazil ao sul do arquipélago de Cabo Verde. Em outro mapa, datado de 1439, também elaborado por Bianco, é indicada, na extremidade oriental do oceano Atlântico, a Ilha do Brazil, próxima a outra, denominada Ilha da Antilia, e, ainda, a uma terceira ilha, com o nome de La Isla de La Mano Satanaxio, uma das ilhas misticas. No entanto, a posição destas ilhas, neste mapa, é identificada como o arquipélago dos Açores. Importante, segundo Cortesão (1954), é a identificação do Mar de Sargaços (questo xe mar de baga), por mostrar quão longe já estavam os portugueses navegando (CORTESÃO, 1954, pp 6-8; MARQUES, 1987, 1994, pp 94-97).



A carta de Andrea Bianco desenhada em Londres em 1448, possivelmente após passagem por Lisboa,
para obter informações, mostra pela primeira vez os descobrimentos portugueses para alem do cabo
Bojador e ilhas Canárias. Também apresenta interesse devido às referências sobre possíveis conhecimentos portugueses relacionados ao ocidente. Nela, encontra-se uma nota, junto a terras a sudoeste do Cabo Verde, que diz: ixola otinticha xe longa a ponente 1500 mia, ou seja, uma ilha autêntica que fica a 1.500 milhas para oeste. O que é curioso é a preocupação de Bianco, é maior em afirmar que a ilha é autêntica, logo real e existente, do que nominá-la, talvez para distingui-la de algumas das ilhas misticas. Essa inscrição vem sendo objeto de estudos e discussões, pois pode ser uma representação incipiente do Brasil (CORTESÃO, 1954, pp 10-11; ADONIAS, 1970, p 89; MARQUES, 1987, pp 94-95). Trata-se, portanto, de mais uma possibilidade de um conhecimento anterior das terras descobertas em 1500, que apesar de já ter sido discutido por alguns historiadores, não se tem uma conclusão sobre o assunto. A Figura 09 mostra o detalhe da posição da Ixola.



O mapa elaborado em Veneza por Fra Mauro, frade cartógrafo italiano, a serviço de D. Afonso V, Rei
de Portugal, entre 1457 e 1459, a pedido do Infante D. Henrique, para a Escola de Sagres,com a
colaboração de Andrea Bianco, (ADONIAS, 1970; FALCHETTA, 2006), volta a representar a ilha Brasil próxima a costa sudoeste da Irlanda, apresentando uma nota explicativa, onde se pode ler: “Queste isole de Hibernia son dite fortunate”. Na tradução: a ilha Brasil era uma das famosas ilhas afortunadas, que durante séculos, estiveram presentes na imaginação dos navegadores (FALCHETA, 2006, pp 579-580). A carta de Gracioso Benincasa, pertencente à Biblioteca da Universidade de Bolonha, foi elaborada na cidade de Ancona, em 1482. Pertencente ao Atlas Kretschmer, é praticamente idêntica ao mapa elaborado por Pietro Pareto, em 1455, deste diferindo por representar a ilha de Saluaga ou Salvagio, também uma das ilhas Misticas de menor importância (BARROSO, 1941; MARQUES, 1987). A ilha de Braçill é representada como a terceira ilha, após a Insulae Fortunati de Sancti Brandani. A aparência desses mapas é traduzida como uma tentativa de apresentar de uma forma coerente e organizada, os arquipélagos das ilhas Canárias, Açores e Madeira. Em mapas anteriores, como o do mesmo Benincasa, de 1471, todas as ilhas têm exatamente a mesma representação, como pode ser observado nos fac-símiles pertencentes ao Atlas do Visconde de Santarém. Ainda em 1508. Gracioso Benincasa apresenta outro mapa, no qual reaparece o nome Montonis, ao longo da costa irlandesa, em grande destaque. As reproduções deste mapa referem-se a La mítica isla Brasil (SANTARÉM, 1841). A Figura 10 mostra um trecho da carta de 1471 de
Gracioso Benincasa, com as ilhas de Braçil e Fortunati Sancti Brandam.



O globo de Andre de Behain, de 1492, efetivamente feito antes do descobrimento da América,
representa claramente a Insula de Prazil junto à costa Irlandesa. Este globo foi construído em terras
germânicas, enquanto ainda Cristovão Colombo efetuava a sua viagem ao Novo Mundo.


Fonte: https://www.ufmg.br/rededemuseus/crch/simposio/MENEZES_PAULO_MARCIO_LEAL.pdf

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